Leviatã (ou Leviathan) é um monstro marinho do caos primitivo mencionado na Bíblia – é a encarnação da ordem oposta a Deus –, cujas origens remontariam à mitologia fenícia, e foi derrotado na criação, Sl 74,13-14 Tu que dividiste o mar com teu poder, quebraste a cabeça do monstro do mar. Tu esmagaste a cabeça do Leviatã, dando-o como alimento às feras do mar.
Segundo Jó 3,8 Que a maldigam os que maldizem o dia, os que sabem despertar Leviatã, feiticeiros podem despertar o Leviatã, e só no fim dos tempos Deus o destruirá definitivamente. O monstro do caos também é chamado de Raab – encarnação das águas primordiais, vencido pelo Criador. Também era o nome simbólico do Egito – ou “Dragão” – em muitas culturas o dragão encarna poderes primordiais hostis a Deus e no Antigo Testamento encarna a continuação da ação do caos que existia antes do mundo.
É um poderoso animal aquático e criatura em Sl 104, 25-26 Eis o vasto mar, com braços imensos, onde se movem, inumeráveis, animais pequenos e grandes. Aí circulam os navios, e o Leviatã, que formaste para ele brincares.;
Jó 40,25-32; 41,1-26 Por acaso você é capaz de pescar o Leviatã com anzol e amarrar-lhe a língua com uma corda? Você é capaz de furar as narinas dele com junco e perfurar sua mandíbula com um gancho? Será que ele viria até você com muitas súplicas ou lhe falaria com ternura? Será que faria uma aliança com você, para você fazer dele o seu criado perpétuo? Você brincará com ele como se fosse um pássaro ou você o amarrará para suas filhas? Será que os pescadores o negociarão, ou os negociantes o dividirão entre si? Poderá você crivar a pele dele com dardos ou a cabeça com arpão de pesca? Experimente colocar a mão em cima dele: você se lembrará da luta, e nunca mais repetirá isso! Veja! Diante dele, toda segurança é apenas ilusão, pois basta alguém vê-lo para ficar com medo. Ninguém é tão corajoso para provocá-lo. Quem poderia enfrentá-lo cara a cara? Quem jamais se atreveu a desafiá-lo, e saiu ileso? Ninguém debaixo de todo o céu. Não deixarei de descrever os membros dele, nem sua força incomparável. Quem abriu sua couraça e penetrou por sua dupla armadura? Quem abriu as duas portas de sua boca, rodeadas de dentes terríveis? Suas costas são fileiras de escudos, ligados com lacre de pedra; são tão unidos uns com os outros que nem ar passa entre eles; cada um é tão ligado com o outro, que ficam travados e não podem separar. Seus espirros lançam faíscas, e seus olhos são como a cor rosa da aurora. De sua boca irrompem tochas acesas e saltam centelhas de fogo. De suas narinas jorra fumaça, como de caldeira acesa e fervente. Seu bafo queima como brasa, e sua boca lança chamas. Em seu pescoço reside a força, e diante dele dança o terror. Os músculos do seu corpo são compactos, são sólidos e imóveis. Seu coração é duro como rocha e sólido como pedra de moinho. Quando se ergue, os heróis tremem e fogem apavorados. A espada que o atinge não penetra, nem a lança, nem o dardo, nem o arpão. Para ele o ferro é como palha, e o bronze como madeira podre. A flecha não o afugenta, e as pedras da funda se transformam em palha para ele. A maça é para ele como estopa, e ele zomba dos dardos que assobiam. Seu ventre, coberto de escamas pontudas, é uma grade de ferro que se arrasta sobre o lodo. Ele faz ferver o fundo do mar como chaleira, e a água fumegar como vasilha quente cheia de unguentos. Atrás de si deixa uma esteira brilhante, e a água parece cabeleira branca. Na terra ninguém se iguala a ele, pois foi criado para não ter medo. Ele se confronta com os seres mais altivos, e é o rei das feras soberbas.
Mas no Apocalipse, escrito posteriormente, a ideia desse ser mítico serve para representar Satanás. Ap 12,3 Apareceu, então,outro sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo. Tinha sete cabeças e dez chifres. Sobre as cabeças sete diademas. Com a cauda varria a terça parte das estrelas do céu. E sua imagem terrestre, a besta de sete cabeças, que representa o poder do mundo. O Dragão personifica o mal, inimigo de Deus, trata-se do egoísmo, orgulho, autossuficiência que deformam os indivíduos e os grupos sociais. Ele é sanguinário (vermelho), tem pleno poder sobre os impérios do mundo (sete cabeças e sete diademas), mas sua força é relativa e imperfeita (dez chifres). Às vezes também é retratado como crocodilo.